Uma nova esperança

Posted in Uncategorized on 27 de outubro de 2009 by Eri-kun

Fazia tempo que não passava por uma reunião calorosa como aquela, muitos pareciam esquecer o caos que vivíamos fora dali. Não deveria lembrá-los, Até Lucy se divertia ouvindo as histórias que ele contava, e saboreavam da carne que ele havia preparado.

Talvez fosse bom encontrar alguém assim vez ou outra, lembrar que pessoas poderia fazer algo de bom para oura pessoa, sem cobrar algo em troca… só esperava não estar enganado sobre ele.

Mais tarde, todos foram dormir, o espaço era muito, já que todos dormiam no chão. Lucy dormiu do meu lado, fiquei meio preocupado, já que eu dormi próximo a uma fenda na parede para observar a movimentação do lado de fora.

Notei que o nosso anfitrião não havia dormido, e fui conversar um pouco com ele.

“Por que você não descansa?” perguntei meio preocupado.

“Raramente alguém vem aqui, quero aproveitar melhor os momentos em que tenho companhia. Se eu ficar acordado, alguém vai vir e conversar comigo!”

“E se você precisar dessas energias amanhã? Nós vamos para a balsa não vamos?”

“Não me importo mais se eu morrer, já fiz o que deveria ter sido feito, cada vez menos pessoas passam por aqui atrás da balsa, logo, só os canibais vão estar passando por aqui”

Eu fiquei quase que comovido com as palavras que ele dizia, porém, notava uma leve expressão de alegria no seu rosto.

“Antes de qualquer coisa, você pode precisar de balas pra aquela sua arma não é? Vamos ver se conseguimos alguma coisa!”

Fiquei animado, sabendo que poderia finalmente atirar, fui até onde Lucy dormia, pois lá estava minha arma. Levei-a até o homem que começou a examinar, a  cada ver que ele examinava uma peça, uma parte, um detalhe eu fica mais entusiasmado. Ele tirou algumas balas do bolso da camisa e observava atento.

Parecia um afinador de pianos trabalhando, ou talvez um médico salvando uma vida. No fim de todo o ritual ele apenas me entregou a arma com um belo sorriso no rosto e disse:

“Isso não atira mais! Você carrega nas costas um ameaçador porrete!” ele disia com um ar de sarcasmo.

Já era quase de manhã, e estávamos dispostos a levar o grupo até a balsa em segurança, mas ele insistiu em preparar um café da manhã, algo doce e enjoativo, misturando varias frutas de diferentes e uma lata de leite condensado. Quem num caos daquele tinha cabeça para fazer doces?

Eu não consegui comer, mas todos pareciam gostar. Logo estávamos todos de saída, estávamos rumo a balsa, eu não sabia o que esperar, mas estava esperançoso como eu raramente me sentia.

Eu tinha tanta disposição, e estava tão otimista. Creio que não me sentia assim nem quando a vida ainda era normal.

Uma nova pessoa

Posted in Uncategorized on 26 de outubro de 2009 by Eri-kun

“O que vocês fizeram para perturbar os vizinhos? Nunca os vi tão agitados! Vocês são baderneiros mesmo, não são!” Um homem ainda oculto pelas sombras no bosque disse, e as pessoas do grupo tremiam sem entender, eu mesmo não entendia o que ele queria dizer.

“Há há há! Que hilário, vocês estão tremendo de Medo! Vocês também estão atrás da balsa certo?”

“É, tem vindo muita gente atrás da balsa?” eu disse com muita coragem e ar de imperativo.

“Nem tanto. Mas eu acho que vocês são loucos, a balsa realmente existe, mas tem muita gente nessa base. Isso só vai atrair atenção de saqueadores, é loucura.”

“Nossas chances lá são maiores, temos que ir.”

“Se vocês acreditam nisso eu tenho que levar vocês até lá. Afinal, um grupo barulhento e um líder avarento que tem dó de gastar balas não pode se manter!”

Ele tinha um ar sádico, mas estávamos sem saída e perdidos, era nossa única chance. Seguimos por uma trilha recém feita, o cheiro do mato cortado era forte e as pessoas andavam se abraçando por causa do frio, Eu estava muito preocupado com Lucy, mas ela não era a única a ter dificuldades, todos estavam cansados.

No caminho, chegamos a uma clareira com uma cabana, Não havíamos percebido a chuva forte pois as arvores aparavam as gotas. A chuva era torrencial, não notamos vento, mas pareciam jogar caixas d’água na clareira.

Lá havia uma cabana quase imperceptível devido a cortina que as gotas formaram. Chegamos nessa cabana, parecia rústica, mas era completamente fortificada. Por dentro dela paliçadas na parede e escoras para as portas. Dificilmente um zumbi entraria ali, ele também tinha uma lamparina, e uma lareira, além de centenas de latas, peças a vácuo de carne e muitos sacos de Sal.

Ele retirou do seu estoque algumas capas de chuva, e distribuiu entre o grupo. Ele ofereceu uma lata grande de pêssegos para Lucy, que não colocava algo doce na boca desde as três semanas eu convivíamos.

Ele acendeu a lareira com papel velho e um pedaço da paliçada da parede. Ele abrir uma das peças de carne  e a colocou em cima de uma grelha na lareira.

“Amanhã levo vocês na balsa. Hoje são meus convidados!”

Uma nova fuga

Posted in Uncategorized on 20 de outubro de 2009 by Eri-kun

A leve garoa que nos acompanhava desde mais cedo agora havia se tornado uma chuva intensa, todo o grupo havia se abrigado num casebre que encontramos no meio do parque por onde passávamos.

O caminho parecia perigoso e era inconseqüente seguir, mas todos acreditavam ser o certo, o principal motivo é que Rolf também conheceu Marco, e acreditava na existência dessa jangada, e esse era o caminho mais rápido já que não tínhamos muita bagagem, passaríamos por uma mata fechada até a o rio.

Decidimos passar a noite no casebre. Infelizmente Rolf e eu vimos um grupo daqueles rapazes de toucas verdes e braçadeiras vermelhas, eu comentei:

“São os malfeitores, não é?”

“O que eles arrancaram de você?” ele comentou sério.

“Não, nada, foi o que Marco me disse.”

“Não deve acreditar na opinião dos outros, ou vai acabar como eles. Você tem que ter suas próprias idéias nesse mundo. Eles acertaram uma punhalada num rapaz que eu acabei de conhecer e bem na minha frente.”

“Mataram ele?”

“Não, amarraram ele e jogaram numa Kombi.”

Isso me lembrou o soldado que os acompanhava. A noite foi longa, muitos mortos passaram pelo lado de fora, o que fazia minha cabeça rodar, como levaria Lucy para fora daquele lugar.

Quando amanheceu, eu havia dormido muito pouco, e Rolf estava em pé na porta com uma arma que eu não sabia o que era. Ele falou bem alto:

“Pega a porcaria da sua escopeta e me ajuda a acabar com alguns desses!”

“Não tenho balas!” disse assustado ouvindo alguns daqueles mortos batendo na porta.

“Então ajuda o resto a subir para o telhado e sai daqui!”

Havia um buraco no teto, e Mika esta segurando uma prateleira para os outros subirem, Lucy já estava lá em cima apavorada, ajudei Mika a subir e escalei a prateleira com minha arma nas costas.

Eu notei que haviam cinco deles do lado de fora, se lançando furiosos contra a porta. A porta cedeu rapidamente, ao mesmo tempo que Rolf subia pelo buraco no teto.

Os cinco entraram na casa e vagavam pelo espaço apertado do cômodo desorientados, aproveitando o momento todos pulamos da casa e corremos pelo bosque. Entramos no bosque e corremos desesperados. Parte do grupo se separou, ficamos eu, Lucy, Mika e duas pessoas que eu sequer conhecia, Alguns mortos continuavam se aproximado de nós, quando eu acreditei que realmente íamos morrer, e Lucy começou a ficar ofegante novamente, um tiro de escopeta acertou um dos mortos que caiu imóvel no chão. Alguém os derrubou, deveria estar agradecido, mas não sei quem fez essa proeza, eu poderia ser o próximo.

Um novo problema

Posted in Uncategorized on 19 de outubro de 2009 by Eri-kun

Mais parecia um sótão, com um luz quase que divina saindo dele com uma sombra ameaçadora na porta me intimidando com uma voz fria.

“Rápido! Você está só de passagem ou vai subir?”

Não precisava pensar, peguei Lucy, com força a coloquei em meus ombros e subi a escada. Sem prestar atenção no ambiente, Ao cruzar a porta percebi que não éramos os únicos a nos abrigar ali. Haviam cerca de nove pessoas alojadas num cômodo pequeno e cheio de caixas.

Uma mulher levantou e veio rápido em minha direção:

“Ela esta viva, mas não esta respirando! Mika, faz massagem nela! Urgente!”

Parecia mais um consultório médico, a mulher examinava Lucy, e haviam algumas pessoas deitadas no chão, a única diferença era o barulho de alguns mortos vagando pelo andar inferior.

A primeira mulher voltou com uma injeção que parecia esta fria, e injetou no braço de Lucy.

“Ela vai ficar bem, mas eu não sei dizer ao certo qual é o problema… Ela já apresentou cansaço antes?”

“Para falar a verdade, ela já apresentou, mas eu nunca levei à serio.”

“Pois isso parece asma, você deveria andar com algum remédio para ela… que pai irresponsável.”

As palavras pai e irresponsável, me fizeram imaginar o pai biológico de Lucy, que a abandonou quando ela era apenas um bebê.

“Como você tem esse tipo de remédio aqui?” perguntei para a mulher

“Isso era uma farmácia, eu sabia que em breve, alguns sobreviventes iam passar por aqui e eu poderia ajudar. Sou enfermeira, prazer, Samanta!”

“Prazer!”respondi meio constrangido, nunca fui bom com apresentações.

O homem de mais cedo reclamou em voz alta:

“Vocês precisam parar de conversar amigavelmente e ajudar a escorar essa porta! Não sei que tipo de mendigo você achou agora Sam, mas ele trouxe muitos desses mortos pra cá, você vai ter que abrir mão da farmácia agora e fugir.”

“Senhor Mendigo!” Disse ela com um ar de sarcasmo “como está lá fora?”

“Péssimo pela entrada, mas deve estar limpo por trás, vale a pena tentar a fuga.” Nesse momento Lucy já recobrava a consciência.

“Ótimo” Samanta falou rindo. “Peguem remédios e saiam pela porta dos fundos, tem uma escada de metal que vai dar lá embaixo, eu já vou!”

Peguei alguns comprimidos, antigripais, e alguns remédios para asma que Mika recomendou. Saímos todos, eu com minha escopeta, o rapaz que me recepcionou e mais sete sobreviventes. Descobri que aquele rapaz frio era um ex-militar, e seu rosto e cabelo não escondiam o fato de ser alemão.

Quando terminamos de descer a escada ele me parou e disse:

“Eu não sei para onde agente vai, só não ferra com agente! E… E… obrigado por convencer a Sam a sair desse lugar, Um local como esse nunca foi seguro, eu ia pedi-la em casamento esse mês mas tudo deu errado, a vida deu errado, tirar ela daqui é um alívio.”

As pessoas já caminhavam apressadamente pela rua, agrupadas e com medo, quando eu e Rolf, o alemão, começamos a segui-los.

Não sei quão grande foi o desprazer de Rolf ao olhara para trás, mas tudo o que podíamos ver, era a farmácia em chamas, e nenhum sinal da Samanta, ela deve ter queimado o lugar. Rolf queria voltar desesperado, mas eu não pude deixar, tínhamos que seguir. Foi o desejo dela, ela morreu para que pudéssemos viver. Ela ajudou para que minha filha vivesse.

Querendo ou não, eu compartilhei da tristeza desse homem frio, que agora chorava como uma criança. Ele sentia nesse momento ódio, o que podia significar mais tarde, perigo.

Um novo rumo

Posted in Uncategorized on 15 de outubro de 2009 by Eri-kun

Não existia mais o que era certo ou errado. Quando o objetivo de sobreviver, quando o instinto de sobrevivência dormia em meio aos celulares e computadores, não existia mais sociedade.

Eu que via as pessoas trabalhando como formigas no dia-a-dia, agora observava os mortos correndo atrás dos que sobreviviam, e os sobreviventes correndo atrás dos outros sobreviventes.

No fim das contas o mundo não mudou muito, o mais forte mandava, e quem conseguia tirar vantagem da situação triunfava.

Não era mais hora de pensar… Tínhamos que sair daquele lugar. Lucy era agora uma pessoa importante para mim, embora não tenhamos trocado uma palavra desde o acontecido.

A casa do velho Walter ficaria agora sobre custódia da sorte, e nós estaríamos mais dependentes dela agora, mais do que nunca um trevo de quatro folhas era indispensável.

Dia marcante na memória, uma vez que a chuva caía levemente. Para tentar prevenir uma pneumonia, fiz um corte em dois sacos de lixo, que viraram belas capas de chuva. Uma era minha e se ajustava até pouco abaixo da minha cintura. A outra parecia um vestido no corpo daquela garotinha.

O saco de lixo preto fez seus olhos castanhos claros se sobressaírem em destaque.

“Lucy, se despeça da nossa casa!” eu disse tentando restabelecer nossa conversa.

“Ela vai ficar bem, assim como seu amigo!” creio que ela estivesse falando de Walter, ele deve ter me visto conversando com ele! Bom que ela pudesse vê-lo também… mas eu acredito que duas pessoas vendo o mesmo “morto” caracterizaria um zumbi… melhor não pensar nisso.

Caminhamos por três horas sem descanso, vendo muitos daqueles mortos vagando pela rua, mas todos muito ocupados correndo atrás de qualquer coisa que se movia, mesmo que pelo efeito do vento.

Continuávamos a andar para o Oeste, sabia que eu encontraria Marco em breve. Devíamos encontrar uma tal jangada de que ele tanto falou.

Lucy parecia bem cansada, ela estava ofegante de novo. Nesse ponto ocorreu um momento crítico, dois “deles” nos avistaram e partiram correndo para o nosso lado. Um sem um dos braços, o outro tinha até mesmo porte atlético.

Começamos a correr, eu empunhei minha espingarda quando notei que Lucy estava diminuindo o passo, ela estava mais ofegante do que o normal. Quando eles já estavam muito próximos de mim, enquanto eu me fazia de escudo humano para a garota, um raio forte cortou o céu, o relâmpago pareceu cegar a criatura e o barulho do trovão a fez parar como mágica, mesmo que por poucos segundos. Puxei Lucy para a cerca que havia do lado esquerdo da rua, a coloquei por cima e pulei.

Enquanto procurava por alguma porta aberta, Lucy começou a desfalecer, ela não possuía físico para se esforçar tanto, talvez eu exigi demais dela. Por sorte eu encontrei uma barricada próximo a uma janela, talvez fosse nossa rota de fuga. Naquele momento não tínhamos nada a perder.

Eu subi na barricada feita com pedaços de cerca, carregando Lucy como podia, Coloquei-a para de trás da barricada e entrei. A janela atrás da barricada tinha os vidros quebrados e foi como entramos naquela casa.

Lá dentro, os mortos davam investidas violentas nos pedaços de madeira, e seu barulho começou a atrair mais deles, de dois passaram a ser dez.

Lucy estava estranha demais, e eu desesperado demais para saber o que fazer quando ela caiu e desmaiou. Eu a peguei no colo, ela estava quente mas não respirava. Não acreditava que eu pudesse segurar naquele momento um cadáver fresco.

Estava pasmo com aquela circunstância, foi quando uma porta no alto de uma escada me disse:

“Viu o que você fez! O que quer aqui?!”